Autor: Prakash Kota, Autodesk CIO – Artigo original: https://redshift.autodesk.com/digital-investment-strategies/
Quando as empresas priorizam a transformação digital, podem também reformular suas estratégias de investimento digital, gerando melhores resultados para seus negócios.
- Apesar dos investimentos digitais de US$ 480 bilhões no ano passado, as empresas de arquitetura, engenharia e construção (AEC) e manufatura (MFG) não estão vendo ROIs comparáveis.
- Os líderes devem definir os resultados e definir uma visão para garantir o sucesso.
- A transformação digital requer uma estratégia que priorize as pessoas que capacite os trabalhadores com habilidades para crescer em um mundo digital.
Uma retrospectiva do início de 2020
Todos seguiam com suas rotinas de trabalho normalmente, cuidando de seus negócios, fazendo as coisas de uma certa maneira quando a pandemia veio e abalou tudo. Dois anos depois, uma coisa permanece clara: a mudança é necessária. Para que as empresas existam nesse novo normal e além, a transformação digital, se tornou fundamental para acomodar o trabalho remoto , migrar para novos modelos de negócios e ter sucesso em mercados voláteis.
As empresas de manufatura e AEC são historicamente lentas para adotar novas tecnologias. Embora essas indústrias tenham investimentos digitais acelerados que atingiram US$ 480 bilhões em 2021, o dinheiro gasto nem sempre equivale ao valor ganho. Metade dessas empresas aumentou sua capacidade financeira em 10% ou menos e algumas não conseguem quantificar o impacto de seus investimentos.
Por quê? A IDC , uma empresa de pesquisa de mercado especializada em negócios e tecnologia, descobriu que 42% (PDF, página 02) das organizações estão focando em processos em vez de resultados e nos KPIs errados. O simples investimento em tecnologia não provoca mudanças. Em vez disso, as empresas precisam de:
- Um roteiro digital coeso;
- Uma abordagem de cima para baixo (Top-down) para gestão de mudanças, onde os líderes definem a visão para um futuro digital;
- Resultados definidos primeiro, depois uma abordagem de “trabalho para trás” (work-backward) para determinar as ações necessárias para alcançar esses resultados.
Aqui estão as cinco principais estratégias de investimento digital para acelerar o ROI da transformação digital
1. Operações Otimizadas
Grande parte das empresas começa a transformação digital com operações. Pense em manutenção preditiva, gêmeos digitais (Digital Twin) e automação. Conecte pessoas, processos e tecnologia para maior visibilidade em uma organização independente.
A TI e as operações podem colaborar com representações digitais de processos físicos a ativos que fornecem análises em tempo real. Em seguida, elas podem usar esses insights para antecipar e evitar problemas antes que eles surjam e antes que os usuários sejam afetados. Isso cria empresas que são proativas, ágeis e melhor preparadas um ambiente disruptivo.

A construção de um mapeamento de processos digitais, (Road-map Digital) de sucesso que prevê o crescimento futuro a partir da definição de resultados.
Para manter tudo funcionando sem problemas, os líderes não podem confiar apenas nos colaboradores para assistir às telas dos computadores 24 horas por dia, 7 dias por semana – essa não é uma estratégia que pode ser dimensionada. Para refinar continuamente as operações, os processos devem ser automatizados para minimizar as interrupções.
Por exemplo, empresas de AEC e proprietários de edifícios podem implantar gêmeos digitais (Digital Twins) usando dados conectados em tempo real para monitorar constantemente e melhorar a função de cada ativo.
Com a automação, as empresas podem reduzir o capital de giro e aumentar a liquidez, porque tudo acontece mais rápido. Sem depender de processos manuais, as organizações podem escalar rapidamente, adicionar novos recursos, aumentar a velocidade de entrega e criar confiabilidade para fornecer novo valor. Em última análise, essas capacidades guiam para uma maior agilidade operacional.
2. Tomada de decisão baseada em dados
Os dados são a razão de ser da transformação digital. Gêmeos digitais, painéis (dashboards), aprendizado de máquina (machine learning) e fornecem análises IA em tempo real para que as organizações possam tomar decisões fundamentadas. Mas apenas 3% (PDF, página 06) dos dados são aplicados em business intelligence (BI) – inteligência de negócios.
À medida que a transformação digital se acelera, haverá 2,5 vezes (PDF, página 06) mais dados gerados nos próximos cinco anos do que nos 10 anteriores. As empresas devem converter dados em insights factíveis para promover uma melhor tomada de decisão em todos os níveis.

As empresas devem coletar informações nos pontos de contato do cliente (como a Apple faz com seus dispositivos) para que possa entender melhor o comportamento e as preferências e garantir boas experiências de usuário.
Os usuários são outro tesouro de dados. Em vez de fornecer uma capacidade a eles uma vez, as empresas devem coletar informações em todos os pontos de contato para que possam entender melhor o comportamento do usuário para permitir a personalização – algo que 71% das pessoas esperam.
Mas a coleta de dados do consumidor levanta preocupações com a privacidade. Embora 83% dos clientes forneçam suas informações para uma experiência mais personalizada, as empresas devem deixá-los decidir se e o que querem compartilhar. Se optarem por participar, os líderes poderão usar o poder dos dados para agregar melhor valor aos seus colaboradores.
Olhe para o seu iPhone. Toda vez que você desbloqueia, você está gerando dados. A IA está identificando padrões contínuos para ajudar a Apple a entender como as pessoas se envolvem com seus telefones, quais aspectos eles gostam ou não. Essas informações ajudam os engenheiros de design a projetar futuros recursos para melhorar constantemente a experiência do usuário.
Aproveitar os dados de forma eficaz requer uma mudança de mentalidade que precisa vir de cima; 60% das empresas de AEC que possuem o melhor desempenho, têm uma estratégia de dados orientada pelo C-Suite. Tomar decisões baseadas em dados leva à inovação e cria vantagem competitiva para empresas de AEC e manufatura.
3. Estratégia de Pessoas em Primeiro Lugar
As empresas devem investir em tecnologia e pessoas em paralelo, criando uma força de trabalho capacitada e qualificada para o mundo digital. A transformação digital abre a porta para o desenvolvimento de uma estratégia que prioriza as pessoas.
À medida que a automação assume os processos manuais, os trabalhadores podem mudar para funções em que podem inovar e criar valor. Facilite a colaboração em toda a empresa aproveitando a nuvem para unificar dados e conectar colaboradores em qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer dispositivo.
Na indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) e manufatura, tradicionalmente é exigido que as pessoas estejam no local para gerenciar as operações. 30% (PDF, página 7) dos trabalhadores estarão remotos até 2023 graças à realidade virtual e aumentada.
Empresas inteligentes investem em tecnologia e pessoas ao mesmo tempo (por exemplo, treinando colaboradores para fazer manutenção preditiva de fábrica por meio de realidade aumentada [AR]), criando assim uma força de trabalho capacitada e qualificada para o mundo digital.
Construir uma estratégia que priorizem as pessoas, requer uma transformação institucional que apoie o desenvolvimento de habilidades e novas formas de trabalhar para benefício dos investimentos digitais.
É importante criar entusiasmo e obter buy-in. Os líderes podem oferecer aprendizado por meio da gamificação, dar novos títulos aos colaboradores ou aumentar o reconhecimento dos colaboradores para que os colaboradores participem de mudanças contínuas.
Milhões de pessoas estão deixando seus empregos no que está sendo chamado de Demissão em Massa (Great Resignation); as empresas precisam aproveitar a tecnologia para atrair e reter talentos e criar oportunidades de aprendizado contínuo para ajudar as pessoas a se adaptarem.
Aqui na Autodesk, o crescimento da tecnologia se encaixa no compromisso com as pessoas. Durante a mudança para a nuvem, era importante entender quais habilidades os colaboradores já tinham e quais seriam necessárias no futuro para apoiá-los nessa transição. Esses valores fluem do nosso CEO. Ele define uma visão, articula essa visão e cria entusiasmo ao celebrar vitórias em equipe. Investir em uma estratégia que prioriza as pessoas está no DNA da Autodesk.
4. Inovação em escala
A inovação é fundamental para acelerar o ROI de investimentos digitais. Embora muitos líderes priorizem a inovação, eles também podem não ter certeza de como iniciar a mudança, estar tão focados nas operações do dia a dia ou ter medo do fracasso. Mas para preparar seus negócios para o futuro, os líderes precisam adotar uma mentalidade de aprendizado para inovar com sucesso em escala.
Os líderes podem criar uma cultura de inovação comunicando os benefícios de novos métodos, compartilhando sua visão da meta e apresentando um roteiro (road map) de como chegarão lá enquanto ainda administram o negócio. Em suma, a transparência é fundamental.

Os líderes devem adotar uma mentalidade de aprendizado para inovar em escala, assim como duas empresas do segmento de AEC fizeram na China durante a pandemia, projetando e construindo um hospital de 1.000 leitos em 13 dias.
Empresas de AEC e manufatura estão fazendo investimentos digitais que anunciam uma era de inovação. Eles precisam aproveitar esses investimentos – como design generativo , manufatura aditiva e robótica – para projetar novas estratégias de engajamento do cliente (por exemplo, experiências virtuais) e criar novos fluxos de receita.
Um grande exemplo de inovação em escala e velocidade é a incrível façanha de projetar e construir um hospital de 1.000 leitos em 13 dias na China no início da pandemia, possibilitado pela transformação digital e colaboração orientada por dados.
5. Ecossistemas Digitais
A transformação digital não é apenas atualizar a tecnologia interna. Como relata a IDC , “a capacidade de uma organização de gerar valor estará cada vez mais vinculada à sua participação em uma nova economia digital”. Para o sucesso futuro, as empresas devem unir forças com seus parceiros. Essa troca aberta de recursos e informações pode preocupar líderes que possuem aversão ao risco, mas o risco real é operar isoladamente.
A Deloitte e a Manufacturers Alliance for Productivity and Innovation (MAPI) – Aliança de Fabricantes para Produtividade e Inovação – descobriram que:
- Oitenta e cinco por cento dos fabricantes veem os ecossistemas digitais como fundamentais para sua competitividade.
- Os ecossistemas da indústria dobram o ritmo da transformação digital.
- Formar 15 ou mais alianças estratégicas pode dobrar a receita.
Para a AEC, os atrasos na cadeia de suprimentos (supply-chain) podem custar 30% do orçamento (budget) de um projeto. Como parte de um ecossistema digital, as empresas podem compartilhar recursos, materiais e ativos para criar resiliência na cadeia de suprimentos. Eles podem aprender com os sucessos e fracassos uns dos outros, impulsionar a inovação por meio de redes colaborativas e fortalecer as organizações como comunidade.
A transformação digital não é mais um movimento ousado – é uma prática padrão no mercado atual. Mas para colher os frutos dos investimentos digitais, os líderes precisam liderar a transformação institucional e se concentrar no objetivo final.
Artigo original: https://redshift.autodesk.com/digital-investment-strategies/
SOBRE O AUTOR:
PRAKASH KOTA – AUTODESK CIO
Senior Vice President & Chief Information Officer (CIO) at Autodesk. Autodesk CIO Prakash Kota is responsible for the company’s global infrastructure, enterprise operations, and workforce collaboration and productivity services. Linkedin: https://www.linkedin.com/in/prakashkota/
GLOSSÁRIO
BI: Abreviação para o termo “Business Inteligence”, que se refere à Inteligência de negócios tratando do processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte a gestão de negócios.
Budget: Termo frequentemente utilizado em meio empresarial, quando queremos fazer menção ao orçamento disponível para um determinado investimento ou decisão a ser tomada. Em linhas gerais “Budget” pode ser entendido como “Orçamento”.
Buy-in: É um termo utilizado para definir a adesão a uma ideia. Normalmente, o conceito se refere à situação em que o líder precisa conquistar o “Buy-in dos stakeholders” em relação a um projeto ou a uma meta, por exemplo
C-Suite: No mundo corporativo, as empresas geralmente dividem seu quadro de colaboradores em hierarquias profissionais. Algumas posições dentro de uma empresa podem fazer parte da C-Suite. Esse termo é semelhante a (C-Level) que faz menção a empresas que possuem um CEO, CTO, COO etc.
Dashboard: É um painel visual que contém informações, métricas e indicadores da empresa. A ideia é que nele estejam representados os números relevantes para a estratégia de negócio e para o alcance dos objetivos organizacionais
Digital Twins: Em tradução livre significa “Gêmeos Digitais”. É uma representação digital de um ambiente ou ativo físico, como um carro, uma ponte ou um edifício. Considere o gêmeo digital não tanto como um modelo 3D tradicional, mas como um modelo de informações.
Great Resignation: Em tradução livre significa “Grande Demissão” ou até “Demissão em Massa” que faz referência a tendência geral de um número significativo de trabalhadores que perderam seus empregos, por exemplo, durante a pandemia de COVID-19.
IA: É a sigla para “Artificial Intelligence” ou “Inteligência Artificial” e se trata de um avanço tecnológico que permite que sistemas simulem a inteligência de forma similar a inteligência humana, isso vai muito além da programação de ordens especificas de trabalho para tomar decisões de forma autônoma, baseadas em padrões de enormes bancos de dados.
Insight: Em tradução livre este termo significa “entendimento”. Trata-se de um entendimento repentino de um determinado problema, após dos diversos componentes de um sistema de forma isolada, entende-se como estes componentes atuam em conjunto.
KPI: É a sigla para “Key Performance Indicator”, que significa “indicador-chave de Performance”. É uma forma de mensurar se uma ação ou conjunto de iniciativas está trazendo o retorno desejado e atendendo os objetivos propostos.
Machine Learning: Em tradução livre, este termo significa “Aprendizagem de Máquina”. É uma tecnologia onde os algoritmos dos computadores possuem a capacidade de aprender de acordo com as respostas esperadas por meio de associações diferentes de dados, os quais podem ser imagens, números e quaisquer outras entradas de dados que possam ser identificadas por esta tecnologia.
Road-Map: É uma espécie de “mapa” que visa organizar as metas e marcos de um processo de implantação de tecnologia.
ROI: Significa “Retorno sobre o Investimento”. Este é o retorno financeiro gerado através de um determinado investimento.
Supply-chain: Em tradução livre este termo significa “cadeira de suprimento” e refere-se aos processos e aos diversos caminhos pelos quais passam os produtos desde a retirada da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor final.
Top-down: É um método útil para entender o funcionamento de uma organização. Através dele, são analisados os componentes principais e as relações com os respectivos subsistemas.
Work-backward: Em tradução livre significa “trabalho para trás”. Este termo pode ser entendido literalmente como retroceder um passo para tomar uma ação (em meio executivo). Em português, o mais semelhante a isso é “Pivotar”, um termo de business que significa “mudar a direção de um negócio mantendo a mesma base que já existia”.