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Mulheres que impulsionam o setor de BIM no Brasil – Entrevista com Juliana Felicíssimo

Marketing • Criado em: 04/08/2025 11:00


A MAPData NTI, apoiadora da edição Women in BIM 2025, desenvolveu uma série de entrevistas exclusivas com nove mulheres que estão transformando o setor construtivo por meio do BIM. Atuando em diferentes segmentos e trazendo trajetórias inspiradoras, essas profissionais compartilham experiências, visões e contribuições que promovem inovação, equidade e liderança. Boa leitura!

Por Sabrina Scarpare - jornalista freelancer com foco em storytelling e criação de conteúdo com IA.

Juliana Felicíssimo é arquiteta formada pelo Mackenzie em 1996 e sócia-fundadora da Ilha Arquitetura, escritório criado em 2004 em São Paulo. Desde a fundação, tem atuado ativamente no escritório, que começou com quatro arquitetos, cada um com suas especialidades, e hoje conta com três sócios. No início, o foco da Ilha Arquitetura era a área predial, com projetos voltados para o mercado imobiliário de maior projeção. O primeiro projeto do escritório foi um prédio relevante em São Paulo, que marcou o início de uma trajetória de altos e baixos, acompanhando a expansão do mercado imobiliário na cidade. Durante o ‘boom’ imobiliário entre 2009 e 2012, o escritório teve a oportunidade de desenvolver projetos em outras regiões do Brasil, como Manaus, Teresina e Fortaleza, em parceria com uma incorporadora em fase de expansão. No entanto, com as dificuldades enfrentadas por essas empresas fora de São Paulo, o foco do escritório voltou ao estado, onde permanece até hoje, com um portfólio diversificado de projetos.

Juliana conta que sua paixão pela arquitetura começou antes mesmo de se formar. "Sempre fui apaixonada pela profissão. Tive bastante influência da minha família, pois meus pais eram muito ligados à arte. Minha mãe era corretora de imóveis, e eu vivia com ela em stands de vendas." Durante a faculdade, ela trabalhou e se destacou ao explorar o AutoCAD, um software que ainda era pouco utilizado na época. "Foi um grande desafio e uma oportunidade para mim. Comecei a prestar serviços para diversos escritórios de São Paulo, desenvolvendo projetos executivos em 3D para que eles apresentassem aos clientes. Mesmo sem saber muito sobre o software, me provocava a ser criativa e a desenvolver projetos interessantes."

Embora tenha tido contato com outros softwares voltados para arquitetos durante a faculdade, Juliana e sua equipe enfrentaram dificuldades em se adaptar a novas ferramentas. "Em 2011, notamos um movimento em outros escritórios que estavam usando novos softwares e decidimos estudar novamente. Mas a migração foi difícil, a interação com os projetistas não acontecia, e tudo ficou confuso, então desistimos." Foi somente em 2019 que o escritório decidiu investir novamente na transição para o BIM, contratando uma pessoa para ajudar na migração. "Foi um caminho sem volta. Há seis anos, desenvolvemos projetos 100% em BIM (Building Information Modeling)."

O primeiro projeto do escritório utilizando BIM foi feito em paralelo com o AutoCAD, para que a equipe pudesse ganhar experiência. "É um processo interminável aprender a metodologia. Atualmente, temos uma consultoria contratada no escritório, com treinamentos semanais de duas horas com a equipe da MAPData NTI. Isso nos ajuda muito a tirar dúvidas, aprender a usar a ferramenta, conhecer as novidades e aplicar da melhor forma no nosso negócio." Juliana destaca que o aprendizado é constante e que o trabalho em equipe tem sido uma grande vantagem do BIM. "Neste ano, adotamos o trabalho em equipe no mesmo projeto, o que facilita o desenvolvimento de forma mais aberta e colaborativa, sincronizando esforços em determinados momentos. Essas ferramentas são incríveis, sem contar as informações quantitativas que o BIM oferece, com organização e precisão para nós e para os clientes."

Entre os projetos de destaque da Ilha Arquitetura, Juliana menciona o Giorgina Business Park, em São José do Rio Preto. "Estamos com esse cliente desde 2010, quando desenvolvemos o plano diretor. É sempre muito gratificante. Atualmente, estamos desenvolvendo um novo espaço para eles utilizando a metodologia BIM. Ver o projeto em 3D, com todas as interferências, foi incrível." Outro projeto relevante é o retrofit do Edifício Martinelli, em São Paulo, que faz parte do movimento de reocupação do centro da cidade. "É um projeto super interessante, que busca trazer mais qualidade de vida, segurança e movimento para o centro da cidade." Além disso, o escritório tem trabalhado com incorporadoras de médio e pequeno porte, desenvolvendo projetos em terrenos desafiadores e complexos, muitas vezes com menos de 500 metros quadrados. "A metodologia BIM facilitou muito o desenvolvimento desses projetos, permitindo atender ao potencial construtivo que a cidade oferece."

A profissional acredita que os benefícios do BIM para o mercado e para a cadeia projetista são enormes. "Todos ganham. A qualidade é diferenciada, com mais precisão e informação. A simulação em 3D é o maior de todos os ganhos, além da possibilidade de trabalhar de forma colaborativa. Esses são os pontos principais."

Sobre sua trajetória em um setor historicamente masculino, Juliana conta que nunca teve medo de entrar nesse universo. "Quando criança, sempre achei divertido brincar com os meninos, jogar futebol. Tenho dois irmãos e minha mãe sempre foi muito moleca. Então, naturalmente, fui inserida nesse ambiente." Quando abriu o escritório, em 2004, Juliana estava grávida de oito meses. "Naquele momento, dois sonhos estavam acontecendo: ter o meu escritório e minha primeira filha nascendo. Sempre gostei muito de trabalhar, mas a maternidade foi muito boa para mim. Contratei uma babá e montei uma mini creche no escritório para amamentar e fazer reuniões. Foi uma fase desafiadora, mas muito gratificante." Juliana teve outro filho em 2007 e repetiu a mesma estratégia, conciliando maternidade e trabalho. "Sempre fui respeitada pelos meus sócios e clientes, e todos se lembram com carinho dessa fase."

Ela observa que as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no mercado. "Recentemente, fizemos uma reunião com uma incorporadora para desenvolver um projeto grande, e fomos em três mulheres do escritório. Lá, havia mais quatro mulheres na sala. Nosso grande diferencial é o lado humano. A inteligência emocional das mulheres é diferente, e desenvolver projetos para pessoas exige esse olhar mais sensível e humano. Ainda é um mundo masculino, mas estamos conquistando nosso espaço, inclusive na liderança."

Para as mulheres que desejam ocupar posições de destaque no setor, Juliana deixa uma mensagem: "Não tenham medo. O mundo é nosso. Temos espaço para nos desenvolver e nos destacar. Não se intimidem por ser um ambiente masculino. Se isso te encanta, vá fundo, porque vai dar certo."

Juliana está animada para participar do evento Women in BIM em São Paulo. "É a minha primeira vez em um evento como esse. Estou curiosa para ouvir histórias, trocar informações, compartilhar e aprender. Tenho certeza de que será uma experiência enriquecedora."

Na vida pessoal, Juliana encontra equilíbrio em duas coisas importantes: a corrida e a rotina familiar. "A corrida é minha meditação ativa. Aos fins de semana, gosto de estar com meu pai, sair para exposições, fazer pequenas viagens, ir a restaurantes, e passar tempo com meu marido e filhos. Tento me desconectar do trabalho, não olho muito o celular nem os e-mails, para aproveitar os momentos de lazer." Ela também gosta de cozinhar e experimentar receitas novas. "Adoro receber amigos em casa e cozinhar aos domingos. Meu marido e eu somos muito companheiros. Ele está se desenvolvendo na marcenaria e transformando a varanda de casa em um ateliê. Fazemos muitas coisas juntos, e eu adoro."

Ela acredita que o futuro do BIM é promissor. "Estudem muito, busquem informações, participem de fóruns, debates e eventos. Não tenham medo, porque há espaço para todos se desenvolverem no mundo BIM."

Women in BIM

Women in BIM é uma rede diversificada de profissionais do sexo feminino na indústria de AEC dedicada a apoiar mulheres em funções relacionadas ao BIM para habilidades, educação e progressão na carreira. A WIB é bem-sucedida em capacitar mulheres em todo o mundo, fazendo contribuições revolucionárias para o desenvolvimento digital do ambiente construído.

Em 2025 a MAPData NTI integra o ecossistema de apoiadores do evento. E visando fomentar a iniciativa desenvolveu uma série de entrevistas com parceiras que fazem a diferença no universo BIM brasileiro. Para saber mais sobre e garantir a sua participação no evento de São Paulo em 28 de agosto, acesse: womeninbim.org/pt/women-in-bim

TAGS: Entrevista WIB 2025 AEC BIM Histórias
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