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Por Sabrina Scarpare - jornalista freelancer com foco em storytelling e criação de conteúdo com IA.

Rayane Rezende é Head of Construction Solutions da MAPData NTI e atua em todo o Brasil. Engenheira civil, especialista em execução e operação, formada pela UNIBH. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Rayane será uma das palestrantes no evento Women in BIM, que acontece em agosto, em São Paulo. Sua participação será no dia 28, em um painel com o tema: “Inteligência Artificial no BIM: Oportunidades para Profissionais da Nova Geração”, com enfoque em como a inteligência artificial está sendo aplicada no ambiente BIM corporativo.

"O início da minha trajetória profissional começou ainda na escola. Sempre gostei da área de exatas e seguir para a engenharia civil foi algo que se conectou com a profissão do meu pai, que é pedreiro. Vivi isso intensamente em casa. Ele reformava nossa casa e construía para outras pessoas, e eu achava aquilo incrível. Quando fiz o teste vocacional, o resultado sempre apontava para áreas de exatas. Optei pela engenharia civil e me identifiquei muito, principalmente com a área de tecnologia e projetos. Me formei em 2019 e nunca me vi fazendo outra coisa."

Seu primeiro contato com o BIM (Building Information Modeling) foi ainda na faculdade. "No meio do curso, tivemos matérias introdutórias sobre BIM, mas de forma muito superficial. Comecei a entender mais sobre o assunto quando entrei na MAPData NTI, em 2019."

Ela destaca que os desafios de trabalhar com BIM em um setor ainda em transformação digital são muitos. "Ainda hoje enfrentamos dificuldades por falta de informação sobre os benefícios do BIM no dia a dia, que é formado por três pilares: processo, pessoa e ferramenta. A ferramenta, por si só, não é o todo. Para implementar o BIM em uma empresa, independentemente do seu tamanho, é necessário mudar processos e a cultura organizacional. Isso gera impacto, e a resistência, o medo da mudança, é um dos maiores obstáculos. Mas é preciso pensar nos benefícios, que valem muito a pena. O retorno sobre o investimento é significativo, e é essencial mostrar na prática o que a empresa ganha com a implantação. Essa mudança afeta tempo, custo e processos. Tenho clientes que reduziram o tempo de execução de projetos em 40%. É muita coisa! Por isso, a resistência é um grande desafio."

Outro ponto que Rayane destaca é a falta de profissionais capacitados em BIM. "Saímos da faculdade sabendo pouco sobre o BIM, e isso cria um cenário em que muitos profissionais não estão preparados para trabalhar com a metodologia. Por isso, no processo de implantação, o treinamento é sempre o primeiro tópico, pois é a partir dele que os processos são definidos."

O terceiro pilar, segundo a profissional, é a mudança de cultura. "Por mais que o ecossistema esteja caminhando para a implantação do BIM e para a colaboração, ainda vemos empresas resistentes a mudanças culturais."

Sobre os projetos e experiências marcantes envolvendo BIM, Rayane afirma que cada processo de implantação trouxe aprendizados valiosos. "Desde empresas pequenas até grandes corporações, cada cliente tem seu fluxo e suas particularidades. As dificuldades de comunicação, mesmo em empresas grandes, nos ensinam a buscar as melhores práticas para melhorar continuamente. Cada setor tem seus desafios, dificuldades e objetivos."

Ela explica que o processo de implantação BIM começa com um diagnóstico do fluxo do cliente para entender a empresa e seu ecossistema. "A partir disso, com os processos BIM e as ferramentas da Autodesk, consigo conduzir a aplicação de processos e ferramentas de forma personalizada para cada cliente."

Para Rayane, os maiores benefícios do BIM para o mercado da construção civil são diversos, mas ela destaca a colaboração como o principal. "O BIM não seria nada sem a colaboração. As pessoas precisam se comunicar e trocar informações. Por eu trabalhar com ambientes corporativos, nuvem e dados, vejo como a colaboração mudou a integração das informações. A comunicação é fundamental para o sucesso dos processos, tanto na vida pessoal quanto profissional. Hoje, o BIM colaborativo é um dos maiores patamares de acesso."

Fazendo um paralelo com a vida pessoal, Rayane comenta: "Nós não vivemos sem o celular, estamos sempre compartilhando e dividindo informações. Por que, então, nos projetos e na execução não deveria ser assim? A colaboração precisa estar presente em todos os movimentos, impactando a empresa como um todo."

Assumir uma posição de liderança em um setor historicamente dominado por homens não foi fácil a ela. "Na minha graduação, 70% da turma era composta por homens. Enfrentei dificuldades para conseguir estágios em obras, pois inventavam desculpas para não aceitar meu trabalho. Hoje, enfrento dois desafios: ser mulher e ser jovem. Tenho 29 anos e preciso provar meu valor em dobro. Os clientes avaliam, mas sei que tenho know-how e bagagem. Passei por desafios que me colocaram nessa posição. Hoje, sou referência dentro da MAPData NTI, e as pessoas confiam no meu trabalho. Isso é muito significativo pra mim."

Ela acredita que as mulheres têm características que fazem a diferença no setor. "Somos observadoras e analíticas, o que nos permite antecipar ações de forma mais clara. Isso é um benefício no mundo BIM, pois conseguimos ter uma visão mais ampla e sensível dos processos. Toda mudança de cultura precisa ser sensível, e a visão mais carinhosa da mulher faz diferença em todos os sentidos."

Para quem deseja ocupar posições de destaque no setor de AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) e BIM, Rayane dá um conselho: "Estude! O BIM não é uma coisa só, são várias coisas. Mantenha-se atento às novidades e às novas funcionalidades. Já vi empresas grandes quebrarem por não se adequarem à realidade, e isso é uma pena. Busque conhecimento em processos de implantação, participe de eventos e esteja antenado ao que acontece no setor. E, por último, mantenha o foco. Tenha um norte e identifique o melhor fluxo para a empresa em que você trabalha."

Sobre sua participação no Women in BIM Conference, Rayane afirma: "Estou muito feliz com a oportunidade de conhecer e enaltecer mulheres. Será um momento de trocas técnicas importantes, conversas fluidas e um espaço para discutirmos nossas histórias e trajetórias. O tema da minha palestra está em alta, e será enriquecedor compartilhar insights e aprender com outras profissionais."

Em relação ao futuro, Rayane  deseja crescer profissionalmente, apoiando ainda mais seu time e se capacitando continuamente no mundo BIM. "Minha meta é participar de mais eventos e grupos, como o Women in BIM. No âmbito pessoal, quero conquistar minha casa própria, construir uma família e viajar o máximo possível. Conhecer algo novo sempre me motiva."

Ela finaliza com uma mensagem inspiradora: "Não desista. Trilhe seu caminho e sempre busque conhecimento. A tecnologia pode nos apoiar em todo o processo. Use-a para agregar valor ao seu dia a dia e ao futuro." 

Women in BIM

Women in BIM é uma rede diversificada de profissionais do sexo feminino na indústria de AEC dedicada a apoiar mulheres em funções relacionadas ao BIM para habilidades, educação e progressão na carreira. A WIB é bem-sucedida em capacitar mulheres em todo o mundo, fazendo contribuições revolucionárias para o desenvolvimento digital do ambiente construído.

Em 2025 a MAPData NTI integra o ecossistema de apoiadores do evento. E visando fomentar a iniciativa desenvolveu uma série de entrevistas com parceiras que fazem a diferença no universo BIM brasileiro. Para saber mais sobre e garantir a sua participação no evento de São Paulo em 28 de agosto, acesse:  womeninbim.org/pt/women-in-bim